Caríssimos paroquianos e amigos, o mês de outubro é conhecido tradicionalmente como Mês missionário. A inspiração de celebrarmos este mês nos leva a Jesus, Missionário do Pai, que passou pelo mundo fazendo o bem e nos convida a fazer o mesmo, lavar os pés. A Igreja é essencialmente missionária, como nos ensina o Concílio Vaticano II no Decreto Ad Gentes (AG, 1). Sua missão primordial é anunciar o Evangelho numa atitude de diálogo e serviço. Sabemos que, ao longo da História da Igreja, podemos constatar diversas interfaces do movimento missionário, porém, nos últimos anos, como promotora de diálogo e unidade, a nossa Igreja insiste numa metodologia onde é fundamental acolher e escutar.Também nesse mês celebramos a Semana Nacional da Vida, de 01 a 08 de outubro. Nossa primeira missão, ao anunciar o Evangelho da Vida é promover e defender a vida como Dom Maior. Somos obras das mãos de Deus, como tantas vezes as Sagradas Escrituras nos atestam, inclusive poeticamente, basta ver o Salmo 8. Deus grande e Todo-Poderoso deu a vida a todos por seu profundo amor. É o que devemos proclamar sem agredir, mas gratuitamente: amando, servindo, sendo livres, celebrando.Infelizmente no chão missionário do nosso país e tantos lugares do mundo vemos que as escolhas de alguns sentenciam muitos à morte. Somos vitimados pelo aborto social que, como consequência cruel gera a morte de nascituros inocentes e idosos vulneráveis. Vitimada pelas polaridades, a sociedade contemporânea vive a cultura do descarte sem se perguntar sobre o sentido da vida na lógica divina: a resposta de Deus para nós é sempre vida, mas estamos surdos e, quando ouvimos, ouvimos mal. Alimentamos divisões, conflitos barbaridades. Fazemos com que o mar de sague da morte de inocentes, indefesos e vítimas de um sistema injusto se torne um verdadeiro maremoto de incompreensão e escárnio. Como defender a vida pura e simplesmente? Como colocar em pauta o Evangelho sem perder a oportunidade de fazer a diferença?Esses questionamentos que acabamos de fazer sobre a situação complexa que vivemos enquanto Igreja e sociedade, acompanham as angústias e os desafios pastorais dos discípulos de Cristo hoje refletem os tantos questionamentos que surgirão até a manifestação gloriosa do Senhor. Não é conservadorismo defender a vida desde a concepção até a morte natural, é compreensão profunda de humanidade e coerência de fé. Mas não é justiça fazê-lo sem pensar num mundo mais seguro para que as estruturas da sociedade sejam geradoras de vida. Diante da questão da vida e da morte, salientemos o drama humano que ensurdece o apelo divino a não dilacerar a vida de inocentes, onde a morte física gera a morte existencial, onde os ensinamentos bíblicos falam da defesa da viúva, do órfão e dos estrangeiro e denuncia fortemente contra o racismo, a xenofobia e o fundamentalismos crescentes no mundo. Não ensinem homens de bem e homens de mal, existem seres humanos que necessitam de perdão, escuta e formação. Somente quebrando as algemas de um mundo de injustiças que seremos defensores e promotores da vida.Nesse sentido, caros leitores, vida e missão são realidades inseparáveis. A evangelização hoje exige rostos luminosos e corações sensatos para que possamos semear o Evangelho com coerência e liberdade e não o transformar em mais uma bandeira diante de tantas outras. Peçamos ao Senhor sensatez para que não percamos a oportunidade de testemunhar ao mundo que somos imagem e semelhança de um Deus que se fez carne e viveu entre nós. Encarnando a nossa fé, como discípulos-missionários sejamos servidores e não reacionários. Que nossas atividades pastorais saibam acolher e defender que não tem defesa.Nossa Senhora, Mãe de Deus e de toda a humanidade, interceda por todos nós, para que vivendo a vida, não justifiquemos a morte de ninguém. Amém! Eis nossa maior missão!Muitas bênçãos e perseverança na vida,Pe. Felipe Cosme Damião Sobrinho, pároco