Dia dos Avós
“Muitas vezes são os avós que asseguram a transmissão dos grandes valores aos seus netos, e “muitas pessoas podem constatar que devem precisamente aos avós a sua iniciação à vida cristã”. 192, AL.
No dia 26 de julho, em todo o mundo, nossa Igreja celebra o Dia de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Maria., avós de Jesus. Por isso, esta data é também dedicada aos avós, nem sempre idosos.
Ao nos referirmos aos avós, resgatamos a memória histórica de nossa família… tocamos nas duas extremidades bem alicerçadas da ponte da existência que nos liga ao passado e ao futuro, ao inicio e ao fim, à transmissão da vida e da fé… ao carinho e ao aconchego, à cumplicidade gostosa do fazer de contas que nada aconteceu… entre piscar de olhos e sorrisos denunciadores da arte feita na ausência dos pais.
No capítulo V da Exortação Apostolica Amoris Laetitia, de nosso querido Papa Francisco, parágrafo 193, lemos que “As histórias dos idosos fazem muito bem às crianças e aos jovens, porque ligam à história vivida tanto pela família como pela vizinhança e o país. Uma família que não respeita nem cuida de seus avós, que são a sua memória viva, é uma família desintegrada; mas uma família que recorda é uma família com futuro. Por isso “em uma civilização em que não há espaço para os idosos ou onde eles são descartados porque criam problemas, tal sociedade traz em si o vírus da morte,”, porque “se separa das próprias raízes”.
Quantas palavras são necessárias para descrever todo o sentimento contido em um instante, em um fragrante, em uma foto de um avô com um neto… uma neta… sentado em algum banco, afagando os cabelos da criança recostada em seu colo, em seu peito? Mil palavras dariam conta do recado? Conseguiriam traduzir toda ternura, todo o zelo envolvidos naquela cena? Certamente que não, pois o indizível sempre supera o que se descreve a respeito. “O essencial é invisível aos olhos”, já nos ensinava Antoine de Saint-Exupéry em o Pequeno Príncipe.
Também não se consegue traduzir a voz de anjo de um neto, uma neta, pedindo colo, arroz doce, pipoca, bolo de cenouras… senta aqui comigo… sente-se no chão… vamos brincar de casinha… de esconde-esconde… e de tantas invencionices inenarráveis… Vovó, “rola” bolinho de chuva sem chuva? Vovô, vovó, conta uma história para eu dormir? Reza comigo? Leve-me para passear?
Ser avó e avô é poder voltar no tempo, é poder dar a um pequeno a atenção que por uma série de circunstâncias e obrigações, não conseguiu viver plenamente com seus filhos pequenos, quando a vida tanto exigia em sua ausência forçada, cansada, rotineira….
Também por causa de tantas modernidades, muitos avós, em vez de uma relação de suporte nas emergências, assumem integralmente os netos, para que seus pais ascendam socialmente e economicamente… respeitando aqui as reais necessidades de avós que assumem integralmente a guarda de seus netos, mais pais do que propriamente avós. Neste caso, terão que realmente educar, e não “estragar” como falam os ditames antigos.
Noutros tempos, a conversa entre avós e netos era na varanda, na caminhada pelos campos, praças, na confecção de brinquedos caseiros (pipas, carrinhos, bonecas de pano e tantos outros inventos), no cuidado com os animais, com as hortas e outras peripécias que estreitavam os laços afetivos que tanto bem faziam aos mais velhos e aos mais novos…
Não sei se cheguei tarde a este mundo ou se meus avós partiram muito cedo desta vida… não os conheci, não os curti…. não adormeci no colo deles – lugar mais gostoso do mundo… colo de vovó… colo de vovô sempre acompanhado de uma balanço, de um afago, de uma música, de uma oração…. colo que toda criança do mundo, por direito, deveria ter.
Nona da nona neta há uma semana, afirmo sempre que o melhor vinho nas bodas de qualquer casal, é poder presenciar esta maravilha que Deus coloca em nossa vida com o nome de neto.
Há muitos casais que não experimentarão tudo isto por várias razões… porque não tiveram filhos… porque os filhos não querem lhes dar netos… ou na pior das hipóteses, porque sendo avós, não admitem ser chamados como tal… por causa dos “desequilíbrios mentais” desta sociedade doente que vê nesta nomenclatura (avós) algo que deprecia, envelhece e denigre sua vaidade em se permanecer, ou pensar permanecer jovem, por toda a vida. Que pena, abrir mão do que lhes seria mais valioso, pois os netos nos rejuvenescem e nos enchem de vida. Anjos em nossa vida, eis como os vemos… lindos anjos… mensageiros de Deus para que nossa vida seja mais feliz e plena.
Uma ressalva… avós velhinhos também existem, mas há avós mais jovens do que nossos filhos quarentões….
No subsídio Hora da Vida 2019, no 3º Encontro – Os avós como origem e transmissão dos valores da vida – lê-se: “Os avós são ricos em sabedoria. Eles têm uma forma diferenciada de aconselhar, eles usam a própria vida como testemunho, por isso os valores provenientes deles são de grande valia para a juventude do nosso tempo. Prestemos mais atenção neles, coloquemo-los no meio de nossas conversas, façamos com que eles se sintam amados por nós.”
Prestemos atenção aos vovós que nos cercam, muitas vezes esquecidos dentro da família ou em asilos, e levemos nosso melhor, a começar por nossa disposição em ouvir, ainda que repetidamente suas histórias de sofrimento e vitórias, sua história com Deus, acolhendo-os para que se sintam amados e importantes.
Uma prece para todos os avós, neste dia e sempre.
Ó DEUS eterno e todo-poderoso,
em vós vivemos, nos movemos e somos.
Nós vos louvamos e bendizemos por terdes dado a estes vossos filhos e filhas, / nossos queridos vovôs e nossas queridas vovós, / uma vida longa com perseverança na fé e em boas obras. Concedei que eles, confortados pelo carinho dos filhos, / netos e amigos, se alegrem na saúde e não se deixem abater na doença, / a fim de que, revigorados com a vossa bênção,
consagrem o tempo da idade madura ao vosso louvor, /seguindo os exemplos de São Joaquim e de Santa Ana, / que na fidelidade à Palavra de Deus, /cumpriu sempre a vontade de servir e de amar a todos. / Por Cristo, nosso Senhor. / Amém
Pai nosso da vovó
Vovó que estais em casa. / Bendito seja o teu colinho.
Venha a nós os teus beijinhos, a tua bondade e os teus carinhos!
Que sempre te guarde, o Papai do céu.
Os doces de cada dia, nos dai hoje e amanhã também.
Perdoai as nossas bagunça, assim como já perdoastes as travessuras de nossos pais.
E não nos deixe sofrer beliscões.
Mas livrai-nos de todos os puxões de orelhas.
Amém.
Artigo desenvolvido por Osmarina Pazin Baldon
26/7/2019
Fonte: https://www.diocesesa.org.br/2019/07/dia-dos-avos/