Catequese litúrgica
“Povo de Deus”, “Corpo de Cristo” e “Templo do Espírito Santo” são modos de expressão da relação da Igreja com cada um dos Divinos-Três. A expressão “Povo de Deus” foi resgatada pelo Concílio Vaticano II e alude a uma presença concreta de um povo no mundo. Esse povo não é definido por língua e etnia, mas pelo batismo. O termo retoma o sentido de eklesia, que é o fundamento estrutural do cristianismo, valorizando o âmbito comunitário da fé cristã. A base teológica do “povo de Deus” faz parte de seu desígnio, quando o Senhor escolhe para si um povo que recebe a missão de estar a serviço dos outros povos, como sinal de salvação e “como preparação e figura daquela aliança nova e perfeita, que haveria de ser selada em Cristo” (Lumen Gentium, n.9).
A Igreja é continuadora do Antigo Testamento enquanto herda a promessa, os dons e a missão de Israel. Nesse sentido, a liturgia é a ocasião mais visível da expressão da Igreja “Povo de Deus”, pois só há liturgia quando o povo de Deus está reunido. É Deus quem convoca seu povo. Em outras palavras, nós nos reunimos para celebrar porque Deus nos chamou e nós, no íntimo do nosso coração, respondemos a esse convite. “São João Crisóstomo atesta a antiguidade deste gesto litúrgico e assim o comenta: ‘A Igreja é a cada comum de todos nós, e depois que vós tendes nos precedido, entramos nós… Então, entrando, imediatamente proclamamos a paz a todos’. Para São João Crisóstomo, a ekklesía é a casa do povo de Deus” [BOSELLI, Goffredo. O Sentido Espiritual da Liturgia. Brasília, Edições CNBB, 2017 (Coleção “Vida e Liturgia da Igreja, vol.1)].
Não é o bispo ou o presbítero quem celebram a missa, mas toda a comunidade, a assembleia celebrante, convocada pelo Senhor para ser sacramento da Igreja. O bispo preside a celebração; e também o presbítero, que preside a comunidade em nome do bispo, como seu colaborador. “A assembleia visível está associada à multidão dos anjos e dos santos, com Maria, com os apóstolos e profetas, e com todos os irmãos e irmãs que nos precederam e que estão dia e noite louvando o Senhor Deus e o Cordeiro na cidade santa, a Jerusalém celeste (…). Cada assembleia litúrgica é “páscoa” e “pentecostes”: é momento de transformação pascal e derramamento do Espírito do Senhor. Cada assembleia litúrgica antecipa a reunião definitiva de todos os filhos e filhas de Deus dispersos, de todos os povos e culturas na casa do Pai, quando Deus será ‘tudo em todos’(…). Em cada assembleia litúrgica somos de novo enviados pelo Senhor, para anunciar o Reino e promover a solidariedade e a verdadeira comunhão entre as pessoas
e os povos, entre si e com Deus, partindo de nossa comunhão na vida do Deus uno e trino” [BUYST, Ione; SILVA, José Ariovaldo da. O Mistério Celebrado: Memória e Compromisso I. São Paulo: Paulinas; Valência ESP: Siquém, 2003].
Respondamos sempre com alegria ao chamado do Senhor, fazendo de nossas comunidades “casa comum”, casa de todos, que acolhe e envia em missão!
* Comissão Diocesana de Liturgia
4/7/2019
Fonte: https://www.diocesesa.org.br/2019/06/catequese-liturgica/