Ramadã e 'Id al-Fitr, ocasiões especiais para crescer a fraternidade entre cristãos e muçulmanos.

Na mensagem do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso por ocasião do mês do Ramadã, é destacada a importância da proteção dos locais de culto: "São espaços onde se pode chegar às profundezas da alma, facilitando assim, com o silêncio, a experiência de Deus. Portanto, um local de culto de qualquer religião é uma "casa de oração"."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso divulgou nesta sexta-feira 1º de maio a habitual mensagem enviada aos muçulmanos por ocasião do mês do Ramadã e a festa do ‘Id Al-Fitr.

A mensagem assinada pelo presidente do dicastério, cardeal Miguel Àngel Cardinal Ayuso Guixot, MCCJ, e pelo secretário, o reverendo Indunil Kodithuwakku Janakaratne Kankanamalage, inicia recordando a centralidade do mês do Ramadã para o islamismo:  “é um tempo de cura espiritual, de crescimento e de partilha com os pobres e fortalecimento dos laços com parentes e amigos”.

Ao mesmo tempo, para “nós, seus amigos cristãos, é um tempo propício para consolidar nossas relações com vocês, mediante as saudações, encontros e, onde é possível, com a partilha de um iftar. O Ramadã e 'Id al-Fitr, portanto, são ocasiões especiais para fazer crescer a fraternidade entre cristãos e muçulmanos. É com esse espírito que o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso apresenta a vocês os melhores votos orantes, e cordiais felicitações”.

Importância da proteção dos locais de culto

 

A mensagem destaca então a importância da proteção dos locais de culto. “Quer para cristãos como para muçulmanos, igrejas e mesquitas são espaços reservados para a oração pessoal e comunitária, construídos e mobiliados de modo a incentivar o silêncio, a reflexão e a meditação. São espaços onde se pode chegar às profundezas da alma, facilitando assim, com o silêncio, a experiência de Deus. Portanto, um local de culto de qualquer religião é uma "casa de oração". (Isaías 56, 7).

Mas não só, “também são espaços de hospitalidade espiritual, onde os seguidores de outras religiões se reúnem também para cerimônias especiais, como casamentos, funerais, festas comunitárias, etc. Ao participar desses eventos em silêncio e com o respeito devido às observâncias religiosas dos seguidores de cada religião, eles desfrutam da hospitalidade a eles reservada. Essa prática é um testemunho especial do que une os crentes, sem diminuir ou negar o que os distingue”.

Para ilustrar este aspecto, são recordadas as palavras do Papa Francisco durante sua visita à mesquita Heydar Aliyev, em Baku (Azerbaijão), em 2 de outubro de 2016: “ É um grande sinal encontrarmo-nos, em fraterna amizade, neste lugar de oração; um sinal que manifesta aquela harmonia que as religiões, em conjunto, podem construir, a partir das relações pessoais e da boa vontade dos responsáveis".

Qualquer tentativa de atacar locais de culto é um desvio dos ensinamentos das religiões

 

A mensagem chama a atenção ainda que “no contexto de recentes ataques a igrejas, mesquitas e sinagogas, perpetrados por pessoas iníquas que parecem perceber os locais de culto como o alvo preferido de sua violência cega e sem sentido”, é digno de nota o que é assinalado no Documento sobre a "Fraternidade humana em prol da paz mundial e da coexistência comum", assinada pelo Papa Francisco e pelo Grão Imame de Al-Azhar, Ahmed Al-Tayyeb, em Abu Dhabi, em 4 de fevereiro de 2019: "A proteção dos locais de culto – templos, igrejas e mesquitas – é um dever garantido pelas religiões, pelos valores humanos, pelas leis e pelas convenções internacionais. Qualquer tentativa de atacar locais de culto ou de os ameaçar através de atentados, explosões ou demolições é um desvio dos ensinamentos das religiões, bem como uma clara violação do direito internacional".

Assegurar às gerações futuras a liberdade fundamental de professar as próprias crenças

 

Reconhecendo os esforços realizados pela comunidade internacional para a proteção dos locais de culto em todo o mundo, Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso conclui a mensagem afirmando ser “nossa esperança que a cooperação, a estima e o respeito recíprocos, possam fortalecer nossos laços de sincera amizade e permitir às nossas comunidades salvaguardar os locais de culto para assegurar às gerações futuras a liberdade fundamental de professar as próprias crenças.”

01/05/2020

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2020-05/mensagem-pontificio-conselho-dialogo-inter-religioso-ramada.html